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Saber o que não sabemos é melhor do que achar que sabemos o que não sabemos.

Uma parte dos filmes que fazem sucesso de bilheteria tem sua magia residente na cumplicidade que geram com os espectadores. A graça e o charme das histórias está em uma certa ironia dramática, o público sabe de algo que os personagens não sabem. As pessoas se sentem mais espertas que eles e isso gera um envolvimento com a obra.

A vida real é bem diferente. Você raramente sabe mais do que todos os outros sabem. Exceto se tiver com informações privilegiadas. No entanto, somos constantemente iludidos, superestimando nosso conhecimento, mesmo em eventos cujo resultado independe dele. Em um estudo de Yale, alunos foram submetidos a uma série de adivinhações em jogo de cara e coroa. Eles não viam a moeda sendo jogada e o resultado informado era manipulado. Os que recebiam a notícia que tinham acertado todos os 15 arremessos iniciais, afirmavam que se sentiam confiantes para acertar os próximos.

Se universitários de uma escola de elite caíram facilmente na ilusão do controle em um jogo de azar, imagine o que pode acontecer com você no dia a dia. Algumas informações mal interpretadas e uma leitura equivocada dos eventos e você já acha que sabe o que não sabe. Adoramos a convicção e encontramos motivos em todas as esquinas para forma-la em nossas mentes.

Em um outro experimento realizado em um hipódromo, apostadores eram apresentados aos cavalos que iriam correr para apontar as chances de vitória de cada um. Essa pergunta era feita antes e depois de passar pela cabine de apostas a grupos diferentes de apostadores. Os que já haviam apostado são 38% mais confiantes na vitória. Nada mudou, os cavalos não ficaram mais velozes, as previsões não mudaram. Apenas uns tinham jogado dinheiro, outros ainda não. Depois de uma decisão tomada temos a tendência a eliminar tudo que vai contra ela. Depois de um casamento, esquecemos os defeitos do cônjuge (mesmo que temporariamente), após comprar uma nova casa o bairro onde ela fica parece ter mais qualidades do que tinha antes.

Saber o que não sabemos permite além de nos libertar de ilusões mentais, buscar evidências que vão contra as crenças. Ouvir opiniões e informações contrárias nos enriquece e aumenta nossa proteção contra equívocos e ilusões. Quando você pensa em opostos se torna mais criativo, menos impulsivo. Como diz Philip Tetlock, crenças são hipóteses a serem testadas e não tesouros a serem guardados. Teste, liberte, crie.

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