Dentre as novas lendas, uma vem do seu antigo berço: a Grécia. Mergulhada em novas tragédias, estas muito mais reais e doloridas que as da antiguidade, os gregos assistiram ao passar dos anos um exemplo que demonstra como o tempo voa mais rápido que deveria. A revista inglesa The Economist trouxe às suas páginas essa história real de como tomar (ou não) decisões. Vamos a ela. Quando a companhia aérea Olympic Airways faliu ele tinha em sua frota 4 Airbus A340-300, avaliados em 2007 em US$ 45 milhões cada um. Ofertas foram recusadas e os aviões ficando ali, custodiados por funcionários públicos. Três anos mais tarde uma pequena empresa ofereceu US$ 23 milhões por cada um. Uma lei local impediu o negócio.
Um ano depois nova avaliação foi contratada chegando a soma de US$ 18 milhões por cada aeronave. Mas como os ventos mudam até para os aviões, o mercado se tornou mais restritivo. Ter na frota um avião com 4 turbinas não era algo muito animador, sobretudo com o incremento no valor do combustível e na diminuição na venda de passagens. Os preços deles desceram a ladeira mais um pouco. Em 2012, uma nova oferta surgiu. Anos fora de uso e sob o peso do tempo e da umidade de Atenas, a única possibilidade de negócio foi proposta por uma empresa de Miami para transformá-los em sucata. E apesar de diversos protestos de sindicatos, foram passados adiante por US$ 10 milhões cada, menos de um quarto do valor inicial.
Em um caso local, a catarinense Marisol fez seu papel grego. Em 2006 adquiriu a marca de moda praia Rosa Chá por R$ 25 milhões. Vislumbrava tornar-se uma gestora de marcas e nova aquisição preenchia uma posição que ainda não tinha no mercado. Mesmo depois dos primeiros sinais que o avião ao contrário de decolar, perdia cada vez mais altitude, a empresa continuou insistindo. Seis anos depois acaba de vender a operação por meros R$ 10 milhões, entregando ao novo dono uma marca sumida das lojas e dos holofotes e em grave crise após uma gestão catastrófica. De 24 lojas em operação, restou apenas uma solitária.
Assim como a ação para evitar o fracasso geralmente é retardada até quando ele torna-se praticamente inevitável, as oportunidades são ignoradas como se fossem ficar para sempre esperando. Varejistas dominantes em suas regiões ignoraram o efeito da web. Seu mantra era que nunca pessoas comprariam roupas e sapatos pela internet. Outsiders chegaram, fizeram e aconteceram. Mesmo que estes varejistas acostumados com as regras antigas tenha mudado de ideia, vão precisar de muito fôlego para buscar uma diferença da sua entrada tardia no varejo virtual. E mesmo assim talvez nunca cheguem lá. O copo de café já estava frio quando resolveram pegá-lo.
Por isso quando planejar, faça. Tudo aquilo que apareceu na sua tela de PowerPoint amanhã não estará mais lá. Com boa probabilidade alguém já terá seguido este caminho. E deixará para os retardatários a poeira e o arrependimento por terem imaginado que o tempo mantivesse tudo quente para sempre.
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