Como sabemos, a vida é uma competição com fim. Assim como, por exemplo, o ingresso em uma universidade pública. Vejamos uma turma da faculdade de administração. Vestibular de verão do distante 1993. Passados 20 anos da entrada no ensino superior, como se saíram os melhores colocados. Será que a vida premiou igualmente todos, assim como a classificação naquelas provas desgastantes?
A competição é exaustivamente incentivada em muitas empresas. Com sucesso ou nem tanto. A McKinsey, uma das 3 grandes consultorias de estratégia mundiais, aplicava esse princípio com bastante entusiasmo nas empresas em que prestava serviços. Dividia os funcionários em agrupamentos, conforme o desempenho. A fatia do alto da pirâmide recebia premiações agressivas, a de baixo a porta da rua. Um de seus mais rumorosos exemplos dessa metodologia foi uma empresa chamada Enron.
Voltando ao exemplo escolar. As correlações mostram um mundo diferente. Em uma escala de 0,1 (quase nenhuma correlação) a 0,7 (forte correlação), a relação entre QI e o sucesso profissional alcança meros 0,3 no máximo. Quando olhamos como pessoas se saíram na universidade avaliamos um esforço de cunho pessoal. A interação com os outros é geralmente punida, afinal em grande parte das avaliações isso se chama cola. No mundo real (e das empresas), o que mais as pessoas fazem é justamente o contrário. Interagir ao máximo com os colegas a fim de obter os resultados corporativos.
Essas distorções de avaliação acontecem a todo o momento. Aquele garoto que víamos destruir em embaixadinhas e controle de bola passou longe dos gramados profissionais. O jovem que tinha um enorme talento para representar estórias, nunca conseguiu atuar em uma peça de respeito. Em um histórico recrutamento de quarterbacks do futebol americano, uma das mais promissoras apostas era Tim Couch. Ele havia batido todos os recordes na Kentucky University. Nos treinos ele acertava lançamentos em 5 latões de lixo que ficavam do outro lado do campo. Fracassou totalmente no mundo profissional.
O sucesso em determinadas situações não indica que nas demais os resultados irão se repetir. Dependem do contexto e não apenas das habilidades pessoais, mas das interpessoais também. O primeiro colocado naquele vestibular de 1993 é diretor de um grande banco multinacional na sua operação para América Latina. O segundo atualmente está saindo de um longo tempo fora do mercado. O terceiro não frequentou a faculdade, pois desistiu antes de começar. E o quarto, se essa posição tiver alguma representação estatística, escreveu esse texto.
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