Você já deve ter visto várias histórias assim. Eu já escutei diversas. Em analogia lembram aquele motorista que perde os freios de seu caminhão em uma estrada sinuosa em declive. Ao invés de jogar seu veículo contra algo para pará-lo enquanto a velocidade é baixa, ele prefere descer, ir desviando dos obstáculos (enquanto consegue fazê-lo). E assim vai tomando velocidade e fica cada vez mais difícil não colidir, fazer as curvas e chegar salvo no final da montanha. No fim, só resta a esperança que a sorte estará do seu lado, pois nada mais resta a fazer.
Algumas empresas pensam assim. O caminho do dinheiro do passado não se esgotará no futuro. A história está para provar diferente. Ao contrário de barras de ouro, organizações são flores que murcham em algum momento, quando o clima muda. Mas os primeiros sinais que a mudança começa a acontecer geralmente não são suficientes. Surgem inúmeras justificativas para eventuais insucessos. Mas nada suficiente para mudar. Se funcionou antes, vai continuar funcionando sempre é seu mantra.
Quando a velocidade do caminhão atingir um nível incontrolável será tarde demais. No caso da empresas, o tarde demais pode ser enganoso. A herança do passado, além de congelar as respostas e paralisar decisões para o futuro, carrega um peso de caixa e recursos que parecem inesgotáveis. Apenas parecem. Mas são suficientes para adiar ao máximo os movimentos necessários. Quando a conta bancária ainda indicar diversos zeros à direita não precisamos nos preocupar. A cesta está cheia de frutos, mas a raiz da árvore começou a apodrecer. E os riscos que deveriam ser comprados para sair dessa armadilha, parecem apenas maneiras de perder o colchão da tranquilidade financeira.
Força, poder e dominância são sedutores nos negócios. Criam às vezes um efeito semelhante ao porre alcoólico. Transformam pessoas capazes (e algumas nem tanto) em super-heróis da gestão. No entanto, a liderança de mercado é somente um flash no tempo. Passageiro como tudo. Muito mais instantâneo que você possa imaginar. Se você encontrar situações semelhantes, saiba olhar para o volume de água da piscina. Caso esteja ainda baixa, na altura do joelho, pode estar quase certo que pouco será feito. Mas dependendo da vazão de entrada da água, quando ela chegar ao pescoço vai ser tarde demais para aprender a nadar.
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