Daqueles garotos saídos do MBA programados pelo pacote usual de técnicas de gestão aos mais experientes executivos que são superstars em capas de revistas de negócios. Todos estão cheios de certezas e planos para alcançar os objetivos. O domínio de ferramentas para construir cenários e gerir situações aliado à riqueza de informações disponíveis e carregadas pelo sistema de gestão através do big data. Tudo certo para dar certo. Até levarem aquele soco na boca.
Ele pode vir do seu adversário, ou de alguém que nunca ouviu falar. Talvez apareça pela economia ou com a política. Uma nova tecnologia ou um problema de distribuição. Independente da origem do soco, é certo que ele vai te deixar tonto e cheio de dúvidas. Aonde foi que aquele diabo de planejamento falhou? O que não consegui interpretar no oceano dos dados?
As previsões falham porque são complexas de serem feitas. Mas também porque geralmente estão mal formuladas, carregando mais desejos pessoais e corporativos do que probabilidades. Os bons previsores, segundo Philip Tetlock, têm um conjunto de características interessantes combinadas:
– Cautelosos: não dão nada como certo.
– Humildes: sabem que não conhecem tudo, a complexidade é alta demais.
– Não deterministas: nada está programado para acontecer ou não acontecer.
– Mente aberta: tudo são hipóteses a serem testadas, nada é definitivo.
– Inteligentes e informados: buscam informação e são provocados por desafios.
– Reflexivos: usam muita dose de autocrítica.
– Matematicamente dotados: bons com números.
– Pragmáticos: não se prendem a ideias nem interesses pessoais.
– Analíticos: consideram diversos pontos-de-vista além do seu.
– Com olhos de libélula: sintetizam visões diversificadas em uma própria.
– Probabilísticos: usam diversos degraus de talvez.
– Bons psicólogos intuitivos: buscam falhas no raciocínio, como vieses.
– Atitude mental de crescimento: sempre buscam melhorar.
– Determinação: dão duro independente do tempo envolvido.
Ao olhar o conjunto acima de características e habilidades, pode-se perceber as armadilhas que cercam as previsões e o trabalho ardiloso em fazê-las. Não basta um ambiente complexo, nossa mente pode trair a qualquer momento e construir uma ilusão de controle e sabedoria. Os bons previsores estão melhor preparados para o soco e com isso podem esquivar com maior facilidade. Assim vão moldando a realidade futura com todas as nuances que o presente pode oferecer. Um horizonte mais rico se forma e com maior probabilidade de retratar o que acontecerá naquele próximo round.
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