Como as organizações evoluem? O fracasso é um bom conselheiro? Estes são alguns pontos de partida deste excelente livro de Matthew Syed. Como o título entrega, há inúmeros paralelos com a indústria da aviação e seus trágicos acidentes. Cada fracasso é um momento dourado para entender tudo que aconteceu e evoluir para que novos acidentes com as mesmas premissas não aconteçam. A investigação, a compreensão nítida dos dados e informações, a ausência de corporativismo colocam o segmento aeronáutico como um bom benchmark do que muitas vezes não é feito em outros lugares.
Em síntese, a mensagem é que fracassos devem ser saudavelmente comemorados como oportunidades únicas para evoluir e aprender. No entanto, para isso acontecer é preciso ter feedbacks. Imagine um golfista dando tacadas em determinada direção. Observando os resultados, ele vai ajustando posição, movimentos, intensidade da força de modo a aproximar a bolinha do alvo desejado. Agora se este mesmo golfista está no escuro, não tem como ver aonde a bolinha está indo e muito menos tomar medidas corretivas para aprimorar suas tacadas. Assim, muitos segmentos, do médico ao judicial, passando claro pelo empresarial, se encontram. Em salas escuras, aonde dados são ignorados. Grande parte deles devido a dissonância cognitiva. O ato deliberado de desconsiderarmos tudo aquilo que aponta contra as teses e convicções que já formulamos.
“A diferença entre a ciência e os métodos anteriores de tentar encontrar a verdade é, em grande parte, que os cientistas estão dispostos a testar suas ideias, porque não as consideram infalíveis… É preciso fazer perguntas à natureza e estar disposto a mudar suas ideias se não funcionarem”. A frase do filósofo Hilary Putnam resume com maestria o pensamento que deveria guiar todas as organizações. Certamente a evolução seria muito diferente e não viveríamos um universo de achismos e paralisia. Aproveite!
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