“O mundo é seu” é um bom slogan para o perfil de liderança que emergiu através da conquista de poder sem limites e que pensa e age como se fosse um super-herói. Isso se olharmos por um viés amigável, pois poderíamos fazer uma outra analogia, com a máfia. A organização criminosa sempre foi um prato cheio para o cinema, consagrou alguns atores e diretores e promoveu diversos filmes que empilharam tanto dinheiro na bilheteria quanto os chefões em seus cofres. O modelo de negócio mafioso desperta tanto fascínio que na sequência foram lançados games retratando personagens e situações vividas pelos (anti) heróis. Isso sem falar nos diversos souvenirs e itens de colecionador inspirados nestes clássicos e vendidos de Camdem Town às grandes redes de varejo pelo mundo.
Os anos 70 foram marcados pelo Poderoso Chefão (The Godfather) de Coppola. Uma máfia com cara e fala mansa, mas que por trás fazia valer a lei da bala e do dinheiro. Já nos anos 80, o nível de agressividade era substancialmente maior, seja no crime ou no mercado. Era das aquisições hostis, de mercados derivativos e do capital que podia ser multiplicado em poucas horas, às vezes por métodos nem tanto louváveis. Money rules. Uma clássica passagem de Scarface, o filme que marcou essa geração, mostra de maneira resumida a regra desse jogo.
Três décadas depois muita coisa mudou? Parece que os anos 80 ainda fazem muita sombra sobre o mundo de hoje. Se olharmos a crise econômica, ainda não resolvida, tem muito a ver com os dogmas oitentistas. Desregulamentação, mercados abertos, ganância como algo saudável. Não diferente disso, os líderes das organizações são apenas um espelho no andar de cima desse mesmo comportamento. A maximização do resultado o mais rápido possível, os bônus agressivos, os cortes violentos de custos e pessoas. Aquele brilho nos olhos procurado pelas grandes empresas em jovens vindos das classes mais baixas, talvez seja muito parecido com o que Tony Montana exibia no início de carreira. Agressividade pode ser positiva em determinado nível, mas desmedida geralmente termina de maneira trágica, para as pessoas e para as empresas.
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