Em 2010 se realizou a Copa do Mundo de futebol na África do Sul. Para o Brasil não guarda boa memórias. No entanto, o país anfitrião, apesar da péssima campanha em campo, conseguiu apresentar o seu lugar como um destino turístico importante no cenário. Diversidade, um povo receptivo, infraestrutura de padrão internacional. Colocou sua marca no radar e aos olhos de todos potenciais turistas globais. Inclusive eu.

Marcas precisam despertar a atenção das pessoas

Não há dúvida que o que não chama nossa atenção tem poucas probabilidades de ser escolhido. Isso funcionou desde os brinquedos de nossa infância, aos primeiros relacionamentos amorosos. Foi assim com nossos carros, casas, ou com aquela maçã que repousa em nossa geladeira. Professores em sala de aula (ou no Zoom) virarão invisíveis se não despertarem atenção dos seus alunos, assim como aquele pastor na igreja lotada perderá boa parte dos fiéis. Isso vale de modo muito parecido para seu negócio. E valeu para a oportunidade única que a África do Sul teve em 2010. Posicionar sua marca na mente das pessoas.

O timing e a entrega fazem parte do jogo

Demorou 8 anos para aquela vontade que a marca causou em mim, concretizar-se em escolha. Sim, não adianta tentar promover sua marca com anúncios do tipo “compre agora” se o timing do cliente não for este. Assim como a indústria do turismo, muitos outros negócios são de ciclo longo. Entre você entrar no grid mental e sua caixa registradora soar há um bom tempo envolvido. E claro, quando o cliente chegar até você, vai precisar entregar aquela promessa feita lá atrás. Foi assim com a África do Sul, país de uma diversidade geográfica e cultural encantadoras. Dentre as quais, sua beleza selvagem é o destaque principal, com parques nacionais gigantescos recheados de animais selvagens. Ah, e lá também há importantes colônias de pinguins. Isso mesmo, pinguins africanos.

Não conte só com você mesmo

Uma das minhas resoluções foi durante as visitas ao parque nacional não utilizar excursões, mas apenas um carro que aluguei. Assim eu mesmo poderia fazer os horários, procurar os animais pelas extensas savanas e me dedicar a observar o quanto quisesse. Nos primeiros minutos dirigindo nas estreitas estradas dentro do parque olhava em todas as direções tentando avistar algo, sem sucesso. Parecia fácil, mas não era. Um mero par de olhos diante de milhões de quilômetros quadrados em um cenário que confunde sua visão pela vegetação amarelada. A expectativa se desfez. Até que avistei um conjunto de carros parados aleatoriamente no acostamento. Sim, haviam visto algo. Eram leões, uma mãe e dois filhotes. Essa regra valeu para os 3 dias de direção dentro da savana. Não procure os animais, procure outros carros. Pois ali estarão os animais. Sua marca para ser visível ela vai precisar contar com vários estímulos, não apenas você. Senão ela será invisível na paisagem. Essa é a inteligência por trás de marcas que ajudam nossas vidas. O Waze conta com milhões de motoristas informando o aplicativo, o TripAdvisor com uma multidão de viajantes avaliando de hotéis a restaurantes, a Wikipedia com colaboradores de todos os lugares. A sabedoria das multidões é maior que sua sabedoria sozinha.

Mais pessoas falando, mais plataformas emitindo a mensagem

Seu negócio precisa de visibilidade para ter sucesso. Isso acontece através da marca. Ela sintetiza a estratégia e a posição que quer ocupar. Fica óbvio que não basta só você emitir o seu sinal. Ficará como um animal camuflado sozinho no meio da vegetação camuflada. É preciso ter mais pontos de emissão. Não é somente seu site, redes sociais, sede, frota, produto, embalagem, catálogos, etc.. É preciso que outros além de você complementem a tarefa. Podem ser outras marcas associadas, comunicação paga, ações específicas, espaços na imprensa, eventos. E comercialmente, quantos mais olhos estiverem focados em oportunidades, maior sua chance de chegar no timing certo do seu futuro cliente. O jogo de mercado também se parece um pouco com natureza africana. Às vezes você precisa parar de procurar os animais e se focar aonde os carros estão estacionados observando.