Estamos cheios desse papo de marcas. De termos em inglês (branding, marketing, share, awareness) que pouco entendemos. E para nós, o que não entendemos, não significa nada. Estamos cheios de jovens marketeiros que nos apresentam matrizes de posicionamento, estratégias de comunicação, insights criativos. De ações que parecem apenas querer reduzir alguns zeros de nossa conta bancária.
Estes tempos diferentes. Eles provocam. Colocam pressão nas pessoas. E sob pressão, alguns entram em pânico, outros colapsam. É quando o tenista joga a raquete no chão e o boxeador olha para o treinador e com os olhos implora para que a toalha seja atirada no ringue. O colapso vem quando perdemos o tato, deixamos de fazer as coisas naturalmente e nos tornamos novamente iniciantes. Você pensa demais. Já o pânico reduz tudo ao instinto. Você pensa muito pouco.
Alguns em colapso, outros em pânico. Um psicólogo de Stanford chamado Claude Steele chegou a algumas conclusões. Mostrou que mulheres quando testadas em matemática e informadas de que se tratava de uma avaliação quantitativa se saiam pior que os homens. Quando informadas que era apenas uma pesquisa, o desempenho era igual. Negros perdiam para brancos em testes de capacidade intelectual, mas igualavam também quando a avaliação era apresentada como mera ferramenta. O peso e a pressão do estereótipo.
Será que não vamos voltar para onde sempre estivemos: o mundo tranquilo da fábrica cuspindo dinheiro? Da máquina comprada, a somas astronômicas, bem verdade, mas quando uma simples planilha podia com precisão de dias responder quanto tempo seria necessário para pagá-la? Então temos que reagir. Como? Se for com o pânico, seremos como animais perdidos na floresta. Sem raciocínio, apenas agindo instintivamente. Se for com o colapso, tentaremos voltar ao tempo no qual aprendemos como se faz. Mas como nunca vivemos condições assim, pouco servirá esse aprendizado do mundo fabril. O industrial pressionado, como as mulheres e os negros dos testes.
O tempo para respostas está terminando. Quando a fábrica produzir tanto que os armazéns não conseguirem mais guardar. Quando a máquina fizer saltar produtos em uma quantidade muito maior que a loja vende. Quando a tecnologia for rapidamente superada pelo mais novo empresário asiático. Quando a qualidade transformar-se em uma palavra mais do que óbvia (e chata). Quando tudo será esmagado como commodity e apenas o produtor de menor custo levar vantagem. Então terá chegado a hora. A hora em que não adiantará mais mudar.
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