Um cenário de crise sempre é um momento para surgir diversos personagens corporativos. Catastrofistas, alienados, esperançosos. O mundo ao redor mais escuro, antes de ficar completamente escuro traz um olhar para quais comportamentos são utilizados a fim de encontrar uma saída. Ou mesmo uma alternativa temporária de sobrevivência. Quem lidera passa a ter uma responsabilidade maior ainda perante a equipe e o negócio.
Não há dúvida que a gestão por indicadores ganha mais espaço no ambiente, conduzida nestes momentos por controllers, tesoureiros e financeiros. Mais do que nunca, a planilha Excel ganha dos slides do Powerpoint. Reuniões, decisões e ações são movidas pelo que aqueles números mostram no mês. A empresa passa a ser pautada pela cores que aparecem nos gráficos e tabelas.
Sem questionar a importância de metas e acompanhamento de performance, ficar unicamente preso a esta ferramenta parece de um amadorismo constrangedor. O escritor Ben Horowitz diz que se prender apenas nos indicadores transforma um gestor em pintor daqueles livrinhos de colorir, moda entre os adultos que perderam alguma parte da infância. Basta preencher os espaços previamente delimitados para completar o desenho já existente.
O gestor olha constantemente para o muro e esquece a pista. Enxergando seu negócio dessa maneira, mais cedo ou mais tarde, vai acabar colidindo com a parede. Pois, decidir baseado no número torna a decisão binária (sim ou não). Condicionada em cenários críticos a apenas trabalhar com uma tesoura em uma mão e uma faca afiada na outra. Nada de novo é criado, as soluções são simplistas, o supostamente óbvio e lógico reina gerando conforto para o decisor.
A escuridão pede luzes. As crises pedem ideias e ações. Fora da curva e da zona onde somente se pensa em guilhotinar pessoas e projetos. Mark Twain dizia para não se desfazer de suas ilusões; pois quando as perder, você poderá continuar existindo, mas terá deixado de viver. Assim muitas empresas deixam de viver, existem para pintar livros de colorir. Cortam tudo, inclusive as chances de ter algum futuro.
1 Comment
[…] contexto atual de gestão de marcas mostra que nunca fomos tão escravos dos indicadores de curto prazo. A instantaneidade das redes sociais. as métricas de retorno do investimento, as conversões de […]
julho 17, 2019 at 8:02 am