Follow me:

Arrasta pra cima que vou te enganar

Você tem 15 segundos para pensar em alguma personalidade que se encaixa nessa frase. Fim. Devem ter pulado não 1, mas vários nomes na sua mente. Você nem precisou fazer dancinha, prometer milagre, pedir sininho ativado e, claro, colocar aquela promoção matadora no final. É fácil lembrar porque virou o default. Os 15 segundos que teve para pensar são os mesmos de fama. A qualquer custo, inclusive do prestígio. De vendedores de esquemas financeiros a tutoriais de como consertar o vaso sanitário sozinho. De shakes que secam sua barriga em 15 dias a especialista em IPO para sua empresa emergente. Cursos de inglês aonde a fluência aparece em 4 horas, fórmulas de planejamento empresarial mágico e qualquer promessa que torne algo altamente desejado e difícil em um simples esquema descomplicado. Todos sacaram que precisam de audiências cada vez maiores. E para isso vale tudo.

 

 

Ampliar audiências é crítico para as marcas

 

 

Há diversos estudos que mostram que amplitude de público é fundamental para o crescimento. Não adianta você afinar o foco e se comunicar somente com aqueles usuais alvos de sempre. Não adianta convidar sempre os mesmos para sua festa, esperando conhecer pessoas diferentes. Então ok, marcas crescem diretamente proporcional ao tamanho de suas bases de público. Não é frequência, nem fidelidade. São mais pessoas, mais empresas, mais compradores possíveis. Você precisa entrar no grid mental de mais gente. A lógica acima, empurra para a necessidade de aumentar popularidade. Para isso, em um cenário de disputa bélica por atenção, algoritmos, tempo escasso, estímulos por todos lados; ampliar o número de pessoas que prestam atenção em algo que você diz ou faz não é simples.

 

 

Saliência para cativar a audiência

 

 

Para manter e fermentar sua audiência é preciso ir além. Cruzar linhas. É servir a dieta certa. Equalizar o conteúdo para gostos medianos (ou medíocres, de média). Agradar democraticamente. Baixar a régua para ser mais facilmente compreendido. Usar iscas para chamar a atenção. Prometer desejos humanos básicos. Ficar seguro. Enriquecer. Se destacar. O gosto pode ser duvidoso, comparado ao que fazia até pouco tempo atrás. Mas lembre-se, agora já não é o mesmo. Fez a escolha. Aquela que mudou sua vida. Então jogue-se. Nos braços do povo (ou de todxs). Dependendo dos objetivos que você tem, certas ações são mais indicadas. Pegue os desejos universais de riqueza, como exemplo. Mostre tudo. Carros velozes, viagens longas, marcas de luxo, piscinas douradas. Se não houver constrangimento, até seu closet.

 

 

Ah, e o que faça com conteúdo no qual sou especialista?

 

 

Quase esquecendo. E o conteúdo essencial? Aquele que o fez ser reconhecido. Talvez não por essa audiência enorme que já conquistou, mas que fez parte da trajetória profissional. Aonde tem profundidade para falar? O que já fez de fato para ser reconhecido como muito bom? Enfim, qual valor pode de verdade entregar para o público. Sim, dancinhas, lives, festas e stories em Dubai podem não ser suficientes. Podem, veja bem. Quando precisar mostrar utilidade e fazer diferença, espalhe um pouco da inteligência. Sutil, para não encher o saco e espantar quem veio pelo show. Frases de efeito, clichês, perguntas que ficam no ar. Tudo isso pode soar bem. Fale do que aprendeu na vida. Mesmo que sejam obviedades ou que nem tenha aprendido isso mesmo, como ‘ser humilde’. Um conselho que faz a diferença, mas não entregue o prato principal. Só a amostra (grátis). O resto deve ser vendido no combo da esperança. O que mudará a vida é pago. Fará acionistas apostarem no papel certo, gordinhos montarem a dieta certeira, vendedores virarem realizadores de sonhos alheios.

 

 

Sua marca é só uma promessa!

 

 

Hora do fechamento. Compre, contrate, assine. Vá para o próximo nível e separe-se desta multidão que eu mesmo arrebanhei. Agora será um escolhido e viverá toda magia que eu conquistei. Transformação. Você passa pelo portal. De audiência gratuita para cliente pago. Já arrastou para cima. Transferiu recursos para conquistar o topo. Uma questão de tempo para manejar as ferramentas e usufruir de todo aquele encantamento que o conquistou. Menos. Em pouco tempo, talvez em 15 segundos, pode se dar conta que a promessa foi tão alta para chamar sua atenção que não existe entrega compatível possível. Fui enganado. Traído pelas deficiências naturalmente humanas. Não há nada mais frustrante que ver uma multidão ficando rica e eu de fora (troque o rica, por qualquer resultado positivo e desejado por alguém essencialmente humano). Restam dois caminhos. Caio na realidade e espalho as más notícias (junto com a falta de prestígio da marca) ou silenciosamente me retiro da sala, sem ser percebido. Para o jogo seguir, a segunda opção é mais adequada. Afinal, o culpado é quem não conseguiu implementar a trajetória do foguete sem ré. Não virou um protagonista da sua própria vida épica. Não alcançou o topo, nem foi do zero ao infinito. Viverá para sempre fora do círculo de fogo dos vitoriosos e vencedores.

Podemos chamar isso tudo de branding também? Não! Pois aqui as marcas prometem (e muito!), mas se os negócios não entregam, isso já tem certamente um outro nome.

(o uso equivocado de ferramentas pode provocar a perda de credibilidade de marcas e pessoas que delas fazem isto; elas até podem ser sérias, mas não parecem mais.)

 

Previous Post Next Post

Você pode gostar também

No Comments

Leave a Reply