Poucas dúvidas restam sobre o cenário de competição atual das marcas. Vivemos um tempo aonde há muita gente disputando o mesmo espaço, algumas vezes prometendo as mesmas coisas e resolvendo os problemas das pessoas de um modo bastante parecido. Novos canais de comunicação, novos formatos de distribuição. Um bombardeio de informação sobre as pessoas que naturalmente se protegem contra o excesso para seguirem vivendo. Novas marcas entrando no mercado a todo momento, e algumas morrendo sem sabermos que um dia existiram. Um cenário perturbador para aqueles que trabalham com branding e com marketing. E para todos que dependem de uma marca forte para fazerem negócios.
Já fizemos anteriormente paralelos entre marcas e a música. Algumas semelhanças entre ambas permite explorar um pouco mais. Um estudo feito por Lukas Schneider e Claudius Gros do Instituto Goethe em Frankfurt encontrou fatos bem curiosos na indústria musical. A análise envolveu as paradas musicais dos Estados Unidos, Grã Bretanha, Alemanha e Países Baixos desde 1979. Primeira constatação que hoje as estrelas pop têm muito mais rivais para disputar o topo. Três décadas atrás, em um ano havia cerca de 12 álbuns número 1, hoje são mais ao redor de 40. Anteriormente os álbuns levavam semanas para subir ao topo, hoje se não chegam lá logo na estréia provavelmente nunca o alcançarão. A rapidez com que os artistas caem fora no ranking também aumentou dramaticamente. Um álbum de sucesso fica menos da metade do tempo nas paradas do que há 25 anos.
A lealdade dura só até a próxima paixão?
Na formação do valor de uma marca, um dos quatro pilares é o que se convencionou chamar de lealdade (um dia já foi chamada de fidelidade, não muito tempo atrás). Quanto mais propenso um consumidor se manter comprando a mesma marca, maior será o valor da mesma. Agora, o que de fato é essa lealdade em um cenário com oferta quase ilimitada, na qual há uma crescente opção por marcas muito parecidas entre si? Para a indústria musical a internet e o crescimento dos smartphone conferiram um consumo facilitado, aonde streaming e download são imediatos. A enxurrada de novas músicas é passada em frente com um deslizar de dedos. Além disso, a individualidade dos dispositivos faz com que o consumo seja mais pessoal, mesmo que a inteligência artificial empurre opções a partir do comportamento passado.
Mais do que nunca as marcas precisam relembrar para que servem. Atenção e associações. Se não chamar a atenção sequer as pessoas irão saber da sua existência. É aquela música que ninguém ouviu. Pode ser o próximo hit. Na verdade, apenas poderia ser. Mas nunca será. E com atenção das pessoas que tipo de mensagem quero passar. O que desejo que pensem de mim? A armadilha é ter na mão um hit que seja descartado logo depois de ouvido. Se a marca cumprir com louvor as duas missões, a empresa tem uma alavanca que pode ajudar a fazer mais negócios. Já se não executar bem, apenas encontrará ouvidos surdos pela frente.
No Comments