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Todo mundo diz que gosta de riscos até ser arriscado

Há uma cena emblemática no filme Air – a história por trás do logo. Na tentativa de convencer os executivos e o presidente da Nike de que apostar todo orçamento de patrocínio da divisão de basquete da marca em um único jogador, no caso o jovem jogador universitário Michael Jordan, era a estratégia certa, o responsável pela tarefa encontra várias restrições. Em certo momento, durante compras em uma pequena loja de conveniência, ele pergunta para o caixa, fã de basquete, se acreditava em Jordan na NBA como futuro astro. O atendente coloca vários impeditivos, talvez a altura não fosse adequada, o nível competitivo era outro, possivelmente não seria um dos grandes. Depois da contratação e do sucesso de Jordan na liga principal, ele volta a mesma loja, compra uma revista com o ídolo do Chicago Bulls na capa e diz para o mesmo caixa, incrível o que ele faz, e o rapaz responde algo como: “Sim, todo mundo sabia que ele seria tudo isso.” É fácil justificar riscos olhando a história do presente para o passado. Apostar no número que você já sabe que levou o prêmio.

 

 

 

 

Como escolher o risco que deseja correr?

 

 

O professor Andrew Lo propõe aos seus alunos observar um gráfico de rentabilidades passadas entre 4 ativos, a fim de escolher qual deles eles colocariam suas poupanças para investir. Aquele dinheiro que guardou para sua aposentadoria, a fim de viver bem e não lhe faltar nada quando o trabalho for uma mera lembrança. O gráfico apresenta os resultados ao longo dos últimos 18 anos de cada um destes ativos. O ativo A é muito estável, mas com uma taxa de rentabilidade bem modesta. O ativo B consegue se sair bem melhor, mas tem uma alta volatilidade. O ativo C tem um retorno entre B e D, mas apresenta um crescimento incrivelmente estável. E o ativo D tem grande retornos, porém com uma volatilidade gigantesca, fazendo perder grande parte do valor nos anos recentes. E você, qual escolha faria?

 

 

 

 

Quando se salta no tempo, os arriscados correm riscos?

 

 

Quantos amigos você conhece que entraram em pirâmides? Aqueles esquemas que fazem uma combinação mágica para ouvidos humanos: altos retornos com baixos riscos. De investimentos em bois a bitcoins, de tempos em tempos, surgem novas promessas de te fazer enriquecer sem esforço e sem chances de perder seu capital. Inclusive colocando o dinheiro da sua aposentadoria integralmente lá. Como perder essa chance se até o motorista que dirige o Uber que te leva até sua casa já está ficando rico assim? Bem, basta abrir seu YouTube e constar que há diversos cursos e fórmulas mágicas que te irão garantir aquele carrão dos sonhos no final do mês. Voltando ao teste. Qual ativo escolheu? Grande parte dos analistas financeiros e alunos correm para o ativo C, por ter uma bela combinação entre forte performance e incrível baixa volatilidade. Basta agora saber que este ativo é o Fairfield Centry, o maior fundo operado por Bernie Madoff, preso por ter montado um dos maiores esquemas Ponzi (pirâmide financeira) que se tem notícia. O ativo A é o bônus do Tesouro Americano, o ativo B o mercado de ações americano e o ativo D as ações da Pfizer (famosa pelo Viagra e por uma das vacinas do Covid19).

 

 

 

 

Admiramos os tomadores de risco, os ousados e audaciosos, os que não seguem a maré. No entanto, isso só é sedutor quando contamos suas histórias a partir de uma capa de revista de negócios ou pela fortuna que possuem num destes rankings anuais. Julgar o acerto do risco pelo sucesso obtido é novamente fácil. Quem hoje vendo alguém ainda sem sucesso bate palmas pela decisão que vai contra o senso comum? Ou preferimos escolher sempre aquele gráfico que mostra um belo crescimento sem sobressaltos, como o proporcionado por Madoff e os construtores de pirâmides. Uma montanha-russa que só sobe sem loopings para o dinheiro cair dos nossos bolsos. O foguete que além de não ter ré, tem combustível infinito para sempre subir ao infinito. Correr riscos é bacana até tudo parecer arriscado demais. Pois chega a hora em que montanhas-russas não sobem apenas (e quando caem é pra valer!) e foguetes ficam erráticos em suas trajetórias.

 

 

Vamos fazer um teste! (mais um só)

 

 

Há uma matriz interessante sobre riscos que assumimos, confrontados com probabilidade de ocorrência e graus de perda e ganhos. Vale você avaliar se seu comportamento se encaixa no normal humano. Aqui vamos mais além. Vamos descobrir qual sua disposição em buscar o novo, trazida pelo físico Leonard Mlodinow. Então responda aí estas 8 perguntas pontuando na escala:

1 = discordo totalmente

2 = discordo

3 = nem concordo nem discordo

4 = concordo

5 = concordo totalmente

a. Eu gostaria de explorar lugares estranhos – 

b. Eu gostaria de fazer uma viagem sem rotas ou horários preestabelecidos – 

c. Eu me sinto irrequieto quando passo muito tempo em casa – 

d. Eu prefiro amigos instigantes e imprevisíveis – 

e. Eu gosto de fazer coisas assustadores – 

f. Eu gostaria de experimentar o bungee jumping – 

g. Eu gosto de festas desvairadas – 

h. Eu adoro experiências novas e instigantes, mesmo que sejam ilegais – 

 

E aí, pontuou todas as afirmativas? Agora some os pontos. Qual resultado obteve? Saiba que 68% da população fica entre 19 e 29 pontos totais, a média da disposição em buscar o novo. No nível inferior, abaixo de 19 pontos, estão 16% da população, geralmente são estáveis e com talento para análises objetivas, avaliação de riscos e com altas chance de serem práticas. E acima de 29 pontos estão outros 16%, os desbravadores natos. Os que veem a beleza dos riscos, mesmo não sabendo onde eles o levarão. Justamente por ser arriscado, eles tomarão os riscos. E você, qual caminho escolherá?

 

 

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