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Melhor morrer correndo riscos do que entediado

As pessoas sempre querem alcançar tudo que desejam. Ou pelo menos deveria ser assim. Convivemos com os dilemas das escolhas, entre arriscar para conseguir algo e ao mesmo tempo poder perder outro que possuímos. As grandes estórias dependem disso para serem grandes. Se a falha de um protagonista custar apenas sua vida voltar ao normal, essa estória não é interessante para ser contada. Seja no cinema, seja na vida.

Quando encontramos marcas pequenas ou médias, invariavelmente seus sonhos e metas miram o céu. Atingir milhões, bilhões de vendas. Somente nos Estados Unidos há 27 milhões de empresas registradas, mas apenas em torno de 2.000 delas alcançaram US$ 1 bilhão de vendas ao ano. Um percentual inexpressivo perto do universo de empreendedores. De cada 100 novos negócios no Brasil, apenas 5 sobrevivem ao teste dos 5 anos de atividade. E os outros? Será que todos fracassaram?

Seres humanos falham sobre pressão. Corredores caem, jogadores tremem e gestores cometem erros. Tentamos nos cercar do máximo de informação e detalhismo para conquistar a (falsa) sensação de tudo estar sob nosso controle. Desenhamos mapas e estratégias pensando que os mesmos são traduções perfeitas da realidade. Riscos não são facilmente controláveis. Muito menos em sistemas complexos, como o mundo dos negócios, com milhares de interações, algumas sequer conhecidas. Segundo o sociólogo de Yale, Charles Perrow, podemos chamar de “acidentes normais” aqueles que esperamos do funcionamento típico de uma operação tecnologicamente complexa. Como os negócios, as empresas e as marcas que conhecemos.

O psicólogo canadense Gerald Wilde registrou que em certas circunstâncias, mudanças que parecem tornar mais segura uma organização, na verdade, não a torna. Porque nós tendemos a contrabalançar redução de riscos em uma área com o aumento em outra. Freios ABS nos fizeram acelerar mais, faixas de pedestres têm mais acidentes que esquinas que não as têm. Arriscamos-nos mais com a impressão de corrermos menos riscos. Aeronaves mais seguras não reduziram tanto as taxas de acidentes, pois queremos mais passagens baratas e voos pontuais, independente do clima e do estresse das tripulações.

Após riscos que resultaram em fracassos, como bons e preocupados seres humanos, tratamos de investigar as causas e achar os culpados. Um pouco de hipocrisia, já que nosso comportamento natural tende a eliminar segurança por novos riscos, como vimos acima. O certo é que isso faz parte da essência da vida, onde cada passo nosso está em rota de colisão com algo: bom, ruim ou indiferente. Chamamos de sorte, azar, destino ou qualquer outro termo. Certeza apenas é que, entre todas as mortes, a pior delas é a de tédio.  

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